sexta-feira, 26 de junho de 2009

Lá se foi mais um...

Foi graças a ele que nasceu um novo estilo de música. Foi inovador, excêntrico, um génio! Um senhor da música, sem dúvida. Como não há génio que não tenha pancadas, este não fugiu à regra mas, como depois da morte se tornam todos boas pessoas, vamos lá esquecer os escândalos em que esteve envolvido (que também não nos interessam nada) e relembrá-lo apenas pelo seu trabalho. E eu lembro-me de o ver e ouvir, no Verão, com os meus primos da França, que me davam a conhecer as modernices todas da música: o senhor Michael, a dona Kylie, Prodigy. E o que eu vibrava com aqueles discos. Depois jogávamos ao Monopoly, que também era muito giro.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.


Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...


E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos